segunda-feira, 14 de março de 2011

O que alimenta o nosso coração?

13 a 19.03.2011

A última mini crônica tratou dos sentimentos dos animais. A percepção de que os animais têm capacidade de compartilhar os seus sentimentos com as pessoas e que isso tem importância, a ambos.
E não é difícil se perceber numa grande cidade, como é Fortaleza, uma energia que se poderia considerar fantástica, de pessoas simples, desapegadas de tudo, mas que sentem um grande amor pelos animais.
É a senhora de meia idade, que aparenta não ter muitos recursos, mas que traz em diversos sacos, a comida que alimenta os gatos no bosque da Aldeota. É o senhor, que se poderia dizer passou a noite carregando papelões nos carrinhos que circulam a cidade de ponta a ponta, que alimenta logo pela manhã dezenas de pombos, jogando restos de pão na calçada perto das lojas que ficam próximas ao supermercado da Antonio Sales.
Não se vê nos rostos dos dois, da senhora dos gatos ou do senhor dos pombos, nenhuma expressão de contentamento extravagante. São movimentos leves, concatenados, aparentemente um ritual diário. Para quem observa algo domina as suas mentes, como se fossem maestros mágicos executando movimentos de regência de uma orquestra, onde os gatos e os pombos são os músicos. Executar aquilo parece lhes fazer bem. É como se alimentando aos animais, alimentassem também seus corações, suas almas. Um semblante de anjo os cobre.
Naquele breve olhar àquelas pessoas, numa pequena distração ao volante do carro parado num sinal, faz-se uma viagem profunda dentro da alma, talvez procurando perceber-se com tal sentimento na história da vida vivida.
Neste momento não há como deixar de sublimar-se, mesmo sabendo que a vigilância sanitária orienta que não se alimente os pombos. Percebe-se que tanto gatos quanto pombos ficam alegres pela fome saciada, e agradecem do seu jeito, com leve ronronar ou arrulhar.
Ao senhor dos pombos e à senhora dos gatos o muito obrigado pelo alimento ao coração.

Alci de Jesus

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