quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Tem dias que são pesados...(em construção...)

Tem dias que são pesados
Aqueles dias longos, que demoram a passar
Em que há dor latente e, pontualmente, incisiva
Dias em que o coração dá pontadas
Em que o cérebro comanda vertiginosamente o pensar
E que, sem controle, repete sempre as mesmas lembranças que vão e vem
E que remetem a dor, tristeza, e um estado interno de muito pesar.
Tem dias que teimam em não virar passado
Aqueles dias frios, que talvez existam pra nos desafiar
Em que o controle da mente é força decisiva
Pra que se possa dar uma virada
Mas a dor é como uma boa amada que insiste em sempre voltar
E que, por descontrole, vira, remexe, desatina, comanda a criança que só diz amém
E que perdida da mãe, não tem atitude, a não ser chorar.
Tem dias que são como um aviso
Que parecem algo perdido, que não se deseja encontrar
Mas que lá no fundo carregam uma mensagem imperativa
Qual aquela que vem numa boa cantada
Que faz sorrir a amada, ao no seu ouvido dizer amar
Mas que como qualquer coisa na vida, sempre tem o contradito: o mal e o bem
E implícito é sua reprodução: da mesma forma que dá também pode tirar.
Tem dias que são muito pesados...
Tem dias que teimam em não virar passado...
Tem que dias que são como um aviso...
Ô quatorze........

Alci de Jesus (14 de qualquer mês...)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Filosofar! (I)

Crônica da Semana: 14 a 20.08.2011

Será que dá para discutir filosofia num shopping?

Aproveitando um fim de semana especial, em que na segunda-feira um irmão estaria defendendo tese de doutorado em Medicina, foi possível revisitar a capital brasileira, Brasília, sob a ótica de uma das filhas, a qual não conhecia ainda a cidade.

O sábado foi cheio, desde logo de manh
ã
zinha, na chegada ao aeroporto até estacionar para o lanche, antes do boliche, às sete da noite, num shopping próximo a uma das cidades satélites da capital.

Primeiro um belo café da manhã na casa do irmão doutor, com direito a pão de queijo feito pela D. Neném, o que já pagou a viagem. Depois, ao lado também dos pais – que vieram igualmente para assistir à defesa de tese -, um belo passeio pelo Lago Sul, visita a ermida Dom Bosco, idas e vindas pela ponte JK, Palácio da Alvorada e almoço num dos grandes restaurantes com
especialidade em
comida regional.

À tarde, agora somente pai e filha, sob um sol escaldante, várias paradas no eixo monumental: Congresso Nacional, Catedral, Torre de TV (ainda bem que a filha não quis subir à torre), fonte da Torre e só - por desejo da filha, é claro.

Depois, de volta ao lago, uma breve visita ao Pier 21 e ao Pontão, e já à tardinha não teve jeito de não ir bater ponto no Par
k
shopping (no Guará) e para satisfação da filha comer um MacDonald.

Após aboletar-se numa mesa, aguardando a filha que estava na fila do sanduiche, o dia estafante não diminuiu a percepção do olhar e ouvido atentos. Na mesa ao lado, filho (quase 20 anos) e mãe (pouco menos de 40) conversam. O filho fala de filosofia.

Não se ouve os nomes de Sócrates, Platão, Aristóteles ou outros e muito menos alguma coisa sobre a leitura de “O mundo de Sofia” ou sobre as perguntas e expectativas de respostas que o ser humano sente também tanta necessidade além de se alimentar, tais como: Quem somos? De onde viemos? Por que vivemos? Mas, no entanto, é perceptível compreender que a conversa permeia esse universo: a terra é um planeta insignificante no universo; se formos considerar outras galáxias, nós somos um grãozinho de nada; por que então tanta guerra, tanta necessidade de ser o maior?

Na chegada da filha à mesa, um comentário: eles estão falando de filosofia! O “dar de ombros” da filha é como um balde de água fria naquele dia longo, mas desperta para a realidade do que talvez sempre aconteça quando se fala em filosofia: “e daí?”. Assim, nesse contexto, vem à mente aquela pergunta colocada no início da crônica.

Certamente, na média, a resposta à pergunta seria: “ora, filosofia barata se discute em qualquer lugar, até mesmo num shopping”, como algum amigo falou há muito tempo atrás, quando o assunto perme
ou
o bate-papo semanal.
De fato, por que um local poderia ser empecilho para se conversar sobre um tema tão importante para a humanidade?

A imagem do filho conversando com a mãe sobre questões filosóficas, no burburinho de uma sala de alimentação de um shopping de uma cidade satélite de Brasília, ao sabor de um macdonald, possivelmente usando uma bermuda, camisa e tênis com a logo da Nike, com um telefone “xing ling” – importado – da China ainda provoca reflexões.

Alguma coisa parece não estar combinando direito!

Alci de Jesus