domingo, 22 de maio de 2011

Você sabe a força que tem a música?

Semana: 22 a 28.05.2011

Qualquer um de nós já se deixou levar por uma música. Lembra? Pode ter sido lá no passado. Talvez, por conta de um amor perdido. Ou, então, pelo festejo alegre, jovial, dos amigos, virando a noite nos papelões, num dos quintais disponíveis, com a fogueira acesa e a estrelas sob o olhar.

Cada um tem o seu momento e a sua música preferida. Com certeza todos nós tivemos algum momento na vida em que refletimos sobre isso. Certa vez, em Jericoacoara, já nós anos 2.000, havia faltado luz na pousada. Na beirinha da noite, junto à mulher, irmãos, cunhada, filhas e sobrinhos, a oportunidade de conversar sobre coisas fugidias. Sobre aquela música que se alguém perguntar vem a sua cabeça de imediato.

A lembrança e o cantar “
Alguém cantando”, imitando Caetano, formavam um quadro interessante. Mas, se fosse piegas qual o problema? Por que é que a gente tem que se sentir constrangido com isso?

E o que é pior, é verdade. A maioria de nós se sente constrangido em comentar que gosta daquela música e que o seu conteúdo nos marcou ou marca muito. Se sente inibido em cantá-la, ou mesmo balbuciá-la, baixinho, perto de outras pessoas.

Porém, no carro, no banheiro, sentado esparramado na poltrona da sala, num sábado à tarde, não se contenta se o som não estiver no volume mais alto, o pensamento longe, e a voz na imensidão. Naquele momento, só se satisfaz quando a música enche o coração até derramar lágrimas, quiçá. E ali, não tem constrangimento, não tem inibição, não tem mais nada, é felicidade pura.

É por saber que isso acontece com as pessoas que não é difícil generalizar e dizer que todos nós sabemos a força que tem a música. Ela pode nos deixar alegres e tristes; transportar-nos distâncias; tornar-nos crianças, vivas e saltitantes. Trazer-nos serenidade plena.

E não precisa ser aquela música preferida, para sentirmo-nos desse jeito. Sem que a gente queira, uma música entra na nossa cabeça; e, às vezes, podemos até, inicialmente, não gostar, mas daí você ouve uma vez, duas vezes, três vezes e pronto, gostou e já faz parte do espaço reservado às emoções, no cérebro e, conseqüentemente, no coração.

Outras vezes, você ouve somente uma vez e já gostou. Pode até ser influenciado por um amigo ou uma resenha, mas, ao final, o que vale é a sua emoção, a qualidade do estado de coisas em que a música ouvida lhe deixou.

E hoje, com a internet, e as mídias sociais, tudo é muito rápido. Já pensou uma música, como a "
Oração", em uma semana ter mais de um milhão de audições? É claro, que o entorno da música também conta para o “gostar” de cada um, mas isso só aumenta a força da música, porque nos remete ao potencial coletivo que a música pode ter.

Mas a força coletiva que pode ter uma música é outra coisa, é para outra crônica. Até porque, primeiro, para se tornar coletivo é preciso envolver o individual e esse indivíduo precisa querer externar a sua emoção, quebrando alguns preconceitos.

Bom seria se a gente fosse envolvida por algum projeto em que, num passe de mágica, se pudesse ficar livre de todo o constrangimento e inibição e sem receios pudesse cantar músicas a plenos pulmões. Desafinado, com a voz gasguita, de qualquer jeito, por que não? Talvez, todo mundo, numa grande sala, com fones de ouvido, curtindo e cantando a sua música preferida. Poderia ser um começo.

Talvez, pudesse começar também, com cada um de nós enviando a uma amiga ou um amigo uma mensagem, dizendo “adorei essa música”, com o link da música no “you tube” ou a letra transcrita ou o endereço do site em que se pode baixá-la.

É sempre uma emoção receber algo assim. Uma vez, uma amiga mandou ouvir a música “
Wish you were here”, do Pink Floyd. Hoje, a música que toca à noite no subconsciente, ao dormir, é “Tears in Heaven”, de Eric Clapton.

Cada um vive a sua emoção e em um dia são muitas emoções. Ainda vem na lembrança a mensagem da filha querida, contando sobre aquela noite em Jericoacoara: “Pai, aquele momento foi muito legal!”. De certa forma, tudo na vida é música. Cada um tem que construir sua capacidade de fazer parte dessa grande composição, que a todo o momento está se (re) construindo.

Alci de Jesus

2 comentários:

  1. Não é por acaso que existe a musicoterapia. E apreciar uma bela canção é reconhecer um grande dom da natureza. Particularmente relaciono cada momento da minha vida a uma música, entre elas destaco: Don't Let The Sun Go Down On Me (George Michael);A Matter Of Feeling (Duran Duran);My Sweet Lord (George Harrison); Gita (Raul Seixas); O Sal da Terra (Beto Guedes); Meu Mundo e Nada Mais (Guilherme Arantes); Pai (Fábio Júnior), e por ai vai...

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  2. Legal, Rita, tb tenho uma músicas preferidas. Pena que às vezes, não retorno a elas com tanta periodiciodade quanto desejaria. Mas as melhores lembranças são do tempo que era bem jovem, por volta de 17 a 20 anos. Geraldo Azevedo: corra, não pare, não pense, demais, apaque essas velas no cais, que a vida é cigana; Ednardo: Hoje ao passar pelos lados das brancas paredes, paredes do forte...; Milton: Coração americano, acordei de um sonho estranho, um gosto vidro e corte, um sabor de chocolate, no corpo e na cidade, um sabor de vida e morte....E assim vai.

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