domingo, 3 de julho de 2011

Você sabe a força que tem a música! (2)

Semana: 03 a 09.07.2011

Você sabe a força que tem a música! (2)

Cada um tem que construir sua capacidade de fazer parte dessa grande composição em que vivemos e que a todo o momento está se (re) construindo. Com essa frase foi terminada a primeira crônica sobre a força que tem a música, lançada no blog em 22 de maio passado.

Muitas pessoas, por diversas formas, especialmente, e-mails, comungaram da opinião quanto à capacidade que tem a música de provocar emoções no campo individual. E eles têm razão. Não tem ninguém que não fique tocado pela música, por algum tipo de música, em alguma situação específica ou não.

Mas ficou uma questão. Será a música capaz de provocar emoções no campo coletivo, sendo fator de mobilização e ação diante de realidades variadas? Essa reflexão surgiu novamente ao ouvir
Tropicália cantada pelo coral da UFC, regido pelo amigo, professor universitário, maestro, Elvis Matos.

Ora, que a música é capaz de envolver multidões ninguém tem dúvida. É fácil verificar isso, hoje e no passado, aqui e alhures, seja em ambientes requintados ou junto ao “povão”. Não é difícil lembrar-se de artistas e grupos famosos, que até hoje provocam histerias nos fãs, como Beatles e Roberto Carlos, ou, então, de eventos de massas, como as micaretas ou os shows de forró. Esses artistas e atrações são capazes de encher estádios de futebol, celebrando suas músicas com milhares de pessoas.

Porém, apesar de parecer que a capacidade da música mobilizar massas como instrumento de transformação é uma coisa pouco estudada, os “estrategistas” de plantão estão atentos a isso. Todos sabem que a música é suporte à ação, seja religiosa ou política. Não é à toa o crescimento vertiginoso da música gospel. Não foi sem sentido para a ditadura militar exercer a censura. Da mesma forma a música, a arte, foram utilizadas como fator de resistência ao autoritarismo, por romper barreiras e lançar novas visões para o mundo, especialmente, junto aos jovens.

De fato, todos sabem, concordando com o que diz Marivone Piana, nos anais do Seminário Nacional – Movimentos Sociais, Participação e Democracia, em 2007, no ensaio “Música e Movimentos Sociais”, da “capacidade de formação e transformação cultural da música, quando apropriada pelos movimentos sociais devido a sua dimensão política e mobilizatória”.

No entanto, isso parece ter pouca representatividade hoje em dia. É como se o fator de mobilização coletiva da música estivesse entranhado na rotina do nosso dia-a-dia; é como se estivesse pasteurizado, homogeneizado na dinâmica sufocante da modernidade pós alguma coisa revolucionária; é como se fosse obra do passado, perdida num tempo que vai ficando mais distante.

Alguns preferem pensar que essa percepção faz parte da obra arquitetada e ardilosamente operacionalizada por aqueles que não querem transformar. A manutenção, renovada e minuciosamente programada, dessa música, dessa mídia aborrecida e mercadológica, é o resultado também da capacidade de mobilização coletiva da música, só que para a acomodação, não transgressão.

Interessa a quem que permaneça assim quando ainda temos tantas coisas a conquistar?

A música certamente vai continuar a nos emocionar pelo simples fato de com ela termos uma relação única, individual, mas não é excludente deixarmos que ela nos dê suporte nas nossas revoluções. Esse é um espaço de disputa real na sociedade atual, sendo necessário destravarmos essa idéia de extemporaneidade da música de protesto. O MST consegue isso e as canções embalam suas marchas.

Por que não nos embalarmos nas canções de luta pelo amor, liberdade, natureza e contra o poder como em tempos passados? Por que não nos inspirarmos no “Anel do Nibelungo”, de Wagner?

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