domingo, 3 de abril de 2011

A minha professora chama Alice!

03 a 09.04.2011

“A professoooooora? A professoooooora? É Alice, o nome dela é Alice”.

Uma criança. Uma brincadeira. Uma sobrinha, a mais nova. Avós e tios, igual crianças, chamam-lhe a atenção, talvez, para ouvir uma resposta já esperada, mas falada por uma criança de três anos, de forma muito engraçada: o nome de sua primeira professora.

Para algumas pessoas parece ser uma coisa de menos importância a primeira professora. Lembrar a primeira professora ou lembrar a primeira escola, a primeira diretora, não têm muito significado quando já se é adulto. Será?

Na verdade, lá no fundo, todos nós sabemos que os professores deixam marcas nas nossas histórias de vida. Qualquer um, se buscar um pouco na memória, vai lembrar uma professora. Vai lembrar como ela recebeu os alunos no primeiro dia de aula; como ela tratava as diferenças entre as crianças; como em algum momento a professora foi especial.

Certamente, lembramos daquele professor de matemática que era muito exigente ou da professora de português, que insistia na correção de nossos erros e vícios de linguagem ou então da diretora compreensiva que era amada por todos.

Ninguém pode deixar de reconhecer que é ali, naquele espaço entre quatro paredes de uma escola do ensino infantil ou do ensino fundamental, o começo de uma grande relação com a leitura, com o mundo imaginário que tanto chama a atenção de nós enquanto crianças. E que ali é onde se inicia ou se consolida a nossa primeira compreensão do que gostamos, do que achamos interessante.

Por isso é tão gratificante, para nós enquanto pais ou adultos, quando vemos nossas crianças na escola, aprendendo coisas simples, mas que nos parecem “gigantes”. E, certamente, para as crianças, as quais são como esponjas, tudo é uma experiência de aprendizado.

Tudo está relacionado: uma criança de 12 anos às vezes já sabe o que quer. Talvez isso tenha relação com aquela primeira professora, que por algum motivo, por alguma atitude, por alguma brincadeira despertou aquela criança para o futuro, para o mundo.

E sabendo disso não se concebe uma criança fora da escola, principalmente, uma criança de uma família sem recursos. Talvez por isso todos concordem com Cristovam Buarque quando ele diz que “a solução é pela educação” ou, então, com alguns Conselhos Tutelares, quando ao tratar da questão do trabalho infantil pregam que “a educação é a solução, esmola não”.

Ainda bem que a realidade brasileira é de que o maior sonho dos jovens está ligado à educação. Talvez por isso, haja tanta indignação quando não se dá oportunidades aos jovens de terem um sonho ou de concretizarem um sonho, por quaisquer motivos. Talvez por isso, se acredite na frase de uma criança, quando em sua ingenuidade filosófica diz que “um dia sem sorriso é um dia perdido”.

Sem saber, os avós e tios ao provocarem a menininha de três anos para responder o nome da professora estejam cristalizando em sua mente infantil um referencial que talvez seja fundamental para sua vida. Talvez a brincadeira, uma vivência, represente simbolicamente que um dia sem educação, sem aprendizado, é um dia perdido.

Alci de Jesus

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